segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Eu amei um Galo


Nunca imaginei que isso seria possível.  Nossa relação começou quando eu vi um outro galo batendo no Chiquinho (o nome que eu dele pra ele), ele ficava quieto e apanhava sem ao menos carcarejar, e eu sempre separava.

Chiquinho parecia não ter amigos e nem uma namoradinha, enquanto as galinhas se juntavam pra comer e andavam em grupo, Chiquinho era solitário. Imaginei que Chiquinho estava doente e que por isso ele se afastava. Comecei a observar Chiquinho, ele se alimentava e bebia água só depois que todos haviam se alimentado, talvez Chiquinho fosse apenas educado.

Tentei me aproximar de Chiquinho mas ele sempre me escapava. O comportamento dele era bem inusitado, ele gostava de estar isolado, parecia não sentir falta do convívio com os outros. Até que um dia Chiquinho começou a se aproximar do patinho, parecia que finalmente ele tia criado algum tipo de vínculo.Passou a andar e se alimentar com o pato. O Pato agora era seu amigo e o defendia do galo bravo.

Bem, talvez Chiquinho só não se enquadrava mesmo dentro da sua espécie, e agora tinha achado alguém que lhe compreendia. Até que o Pato ganha uma namorada, Chiquinho parece não aceitar bem isso, e novamente começa a se isolar.

Chiquinho era cheio de personalidade, eu poderia descrever facilmente várias de suas características que destoassem do comum a sua espécie. Acho que era isso que tanto me interessava. Até que um dia estava do alto da janela quando observei um montinho preto com manchas brancas inerte em um canto.Chiquinho era solitário porém andava bastante. Estranhei. Desci as escadas com o coração apertado pensando no que poderia ter acontecido com Chiquinho...

Dessas vez o galo bravo tinha machucado feio o Chiquinho, ele esta com uma pata bastante machucada, praticamente pendurada por um resto de tecido e não conseguia se levantar. Agarrei aquele montinho no colo, lavei sua pata que estava quase amputada, e fiz uma tala improvisada de palito de picolé pra tentar recuperar o movimento que ele havia perdido.

Foram dias de cuidados, até que percebi que Chiquinho tinha realmente perdido o movimento de sua pata e não conseguia se levantar. Todos os dias eu levantava Chiquinho pra tentar estimular a andar. Até que um dia cheguei em casa e vi que Chiquinho havia aprendido a andar com uma patinha só e com o auxílio da tala improvisada.

Agora Chiquinho era um galo especial, e havia feito amizade com a cadela mais brava da casa. Era uma graça. Ele dormia ao lado dela e ciscava o restante da ração que ela deixava.

Chiquinho me ensinou muitas coisas, principalmente que ele não precisava ser igual a todos, e que ele tinha suas preferências que deveriam ser respeitadas. A insistência para que ele permanecesse junto a sua espécie levou Chiquinho a perder uma patinha.

Hoje, com a sua partida, peço desculpa pela incompreensão e agradeço pelo aprendizado.
Obrigada Chiquinho, vai ser você em um lugar melhor.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Respeito à Dor

Não é desafeto, discordância ou falta de consideração, não é insensibilidade, frieza ou exclusão. Não é mágoa, raiva contida ou desesperança. A minha intensidade não é uma escolha ela veio como consequência dessa discordância com a superficialidade e ela exige sobretudo respeito e sinceridade aos meus sentimentos e isso inclui vivenciar a dor, me esvaziar dos excessos e me entupir de ausências. 

Disfarçar tristeza com alegria é um mecanismo que já me foi esgotado, tem deixado de ser um recurso, acumular tristeza é mais doído que enfrenta-la. Portanto respeite o exílio particular; Que as pessoas possam simplesmente silenciar e não sorrir naquele dia. Não ofereço dor, tristeza, carência ou necessidade, e que não seja confundido com orgulho e muito menos autossuficiência, precisei me reeducar. 

Perdoem as ausências, o retiro, é preciso está inteiro para si para oferecer algo bom para o Outro. Ofereça abraço, ombro e colo mas não exijam sorriso e nem conservem qualquer sentimento de piedade. A dor não pede compreensão, pede respeito; Ela possui uma dimensão terapêutica que sequer imaginamos quando estamos sofrendo. Portanto, suporte qualquer circunstância que te lapide, desassossegue, momentos como esses permitem que valorizemos os momentos de paz dos nossos corações.


Desejo bons sentimentos, 
sobretudo coragem para enfrentar os ruins.


Amor daqui.







sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sou feminista sim! Não por opção, por obrigação.


                              

Ser mulher e não ser feminista é ignorar toda uma luta travada lá atrás por outras mulheres que conquistaram o direito de votar, de abrir a boca, de escolher, de viver. E não me venham com o discurso reducionista  no qual o feminismo se iguala a política do machismo, são ideologias totalmente contrárias. O machismo por si só é preconceituoso, é “anti-mulher”, o feminismo  em momento algum prega o discurso de que a mulher sobrepõe a figura masculina, brigamos por igualdade, onde a mulher não seja menos privilegiada pelo simples fato de ter uma comissura no lugar de um pênis. Não lutamos contra vocês;  Homens. Lutamos contra toda uma sociedade machista, que em pleno século XXI ainda impõe a superioridade masculina.

Hoje graças a luta feminista,  sentamos em cadeiras cativas masculinas quebrando todo um pensamento machista onde o nosso par de pernas valia mais que o nosso currículo. Conquistamos um bocado, mas ainda temos muito que conquistar.
  
Sou feminista sim! Não por opção, por obrigação. Se hoje posso dizer isso a vocês leitores, devo a luta feminista. Admiro os homens que abraçam a causa, que lutam junto a nós por igualdade e aos que não abraçam, meu respeito carregado de desprezo. Mas as que dizem ser mulheres e não feministas, me desculpem, não aceito; Ser mulher e não ser feminista é uma contradição genética.